Nature is God and God is Nature
É fabuloso o corpo de uma mulher... Vou deixar a parte fácil por falar. Que é bonito, coisa e tal, harmonioso e delicado... ou se gosta ou não se gosta... não dá para estar a explicar. Mas existe algo mais... algo misterioso e extraordinariamente complexo. Belo... perfeito diria mesmo! A parte biológica... a engrenagem da mais poderosa máquina de descodificação... um fenómeno à altura de um utópico manipulador universal. Visto de frente: o corpo de uma mulher consegue gerar uma pessoa! Raios me partam... uma pessoa viva! Se correr tudo bem, sai com braçinhos, perninhas, um coração a bater, um sistema digestivo, um sistema respiratório, orgãos complicadissimos, células sofisticadas, um sistema nervoso, e... pasmem-se... um cérebro de potencial infinito. Uma pessoa que poderá pensar, aprender, memorizar e processar informação, poderá inclusive criar! Mas mais que isso... poderá acima de tudo sentir... esse paradoxo científico inimitável e incompreensível.
Isto gera-se, em potencial, dentro do útero de uma mulher, por um processo mágico de divisão celular, fruto de uma fecundação, e de uma adopção amigável por um corpo estranho. Fascina-me imaginar por que processos se lê a informação genética dos pais e se imprimem essas características no novo ser. Como por magia se começa a desenhar uma forma. Como essa forma se vai clarificando e se começa a mexer. Como enquanto tudo isso acontece a Mãe passa por uma transformação fisiológica radical... como o seu corpo interpreta os sinais da gravidez, como isso a faz sofrer e gozar, como fica instável e baralhada com o que lhe acontece e não controla nem pode controlar. É bonito. Sinto-me pequenino por estar tão longe e por ter um papel tão pequenino na gravidez do meu bebé. Por mais que leia, por mais que lhe toque, por mais que queira ajudar.
Reconheço a divindade numa gestação... é demasiado perfeito para ser casual. Demasiado... Muitas vezes me senti sozinho nesta conclusão... não é fácil entusiasmar alguem que nunca tenha pensado sequer como apareçe uma criança no mundo, e portanto para alguns isso é uma coisa natural... um dado adquirido. É fácil inclusive... e no entanto é esmagadora a ignorancia por detrás de um pensamento assim. Quanto mais estudo mais frustrado me sinto por não conseguir perceber quão fundo vai a magia, quão minucioso e espantosamente grande é o processo.
Entretanto deixei de me incomodar muito com o que me preocupa mas não preocupa o meu vizinho... não conseguiria muito provavelmente viver com as suas preocupações. Chateia-me, isso sim, a ignorância explodida... que me salpica inevitavelmente e me fica a perturbar por muitos e penosos momentos - a grávida que bebe... a grávida que fuma... a grávida que se desleixa.
A ignorancia explodida só se aplica às mulheres que foram devidamente avisadas. As outras têm tanta culpa como o touro que não evita investir no vazio. Agora as que estudam!?... que são escrupolosamente advertidas pelo médico ou pelos amigos... é muita burriçe... é muito egoismo! Mas disperso-me...
A Natureza é uma coisa muito linda... devemos respeitá-la e admirá-la. A ciencia permite-nos ajudá-la, e a estupidez permite-nos destrui-la. Haja bom senso.
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