As Cunhas da Função Pública
Tive recentemente uma pequena troca de opiniões com uma pessoa com uma visão ética/moral picaresca.
É uma pessoa sensível ao problemas dos outros: generosa, defensora dos mais fracos e oprimidos, impressionável com as desigualdades e injustiças da nossa sociedade... e no entanto não se choca/concorda/aceita/promove (riscar o que não interessa) a inofensiva cunha na função pública.
Mas será assim tão inofensiva? Mesmo quando há tanta cunha no privado? Evidente que não!
No privado, o dono/gerente/gestor, faz o que lhe parece melhor e bem lhe apetece, e ninguem tem nada a ver com isso. Até a coisa dar asneira (e mesmo depois de dar) fica tudo contente. Se não resultar, sempre se aprende qualquer coisa. Regra geral, escolhas de colaboradores ad-hoc, ou têm um mínimo de critério, ou o mercado corrige o disparate.
A cunha no privado chama-se networking... nas grandes empresas é feita com um certo estilo e promove a mobilidade de pessoas ocupadas!
Então e porque é que não se deve usar na função pública?
Bom... a função pública serve para servir os cidadãos. Por razões obvias tem de ser obrigatoriamente um monopólio - ou seja, o cidadão não pode escolher se vai ser servido por este ou aquele funcionário - convem que seja o melhor que a gestão pública permita, dado as disponibilidades do mercado de trabalho.
Ora, se há pessoas livres, e se há vagas para colocar algumas delas, e como está em causa o interesse de todos - a função pública deve seriar e seleccionar os melhores. Parece-me um raciocínio simples! E é claro que essa é a forma mais justa (é tambem a única que é justa mas adiante). Quando Sicrano usa a sua influencia (ou a do pai ou da mãe ou do amigo)para ir pedir uma cunha para Beltrano está a subtrair todos os potenciais candidatos ao lugar do seu direito ao trabalho, ou pelo menos à tentativa de conseguir o trabalho!
Ora, se o Sicrano é um escroque que não se preocupa com os outros e usa o seu poder indevidamente, isso não surpreende ninguem, agora se o Sicrano for uma pessoa moralmente superior, defensor e solidário com o mais fraco - não vai com certeza pisá-lo por interesse pessoal!
A menos que o Sicrano sofra de uma disfunção bipolar ou pior, que diga uma coisa mas acredite no contrário.
Sicrano, se o pomar não é seu, não pode andar a oferecer maçãs...
E o Beltrano?
Novamente... uma pessoa moralmente superior não aceita uma maçã que não lhe pertence por direito. Até porque uma pessoa moralmente superior se pergunta sempre: Será que cheguei aqui pelo meu próprio pé ou ando aqui à boleia do Sicrano? Se eu sou realmente útil, venha de lá esse concurso que eu estou preparado para ele!
Beltrano, se o mercado não o quis, parece-lhe bem andar a comer a maçã dos outros?
6 Comments:
Assim como já deves saber apaguei o teu comentário. Lamento tirar-te o gozo mas não vou entrar em nenhuma guerra contigo e não penses que é pelo facto de ter ficado com medo ou com falta de pedalada para te acompanhar, simplesmente porque não sou como tu. Sabes uma coisa engraçada? não fazia a mínima que eras tu quando escrevi o post, a informática leva-nos a erros incríveis e se fosses mais perspicaz tinhas visto logo, só o soube ontem à noite quando mo provaram. Só quero dizer-te duas coisas: não enfio nenhum carapuço a não ser o de realmente ser funcionária publica, que eu me recorde acho que nunca o tinha dito no blog mas enfim... quanto a cunhas, erraste o alvo e nesse aspecto tens quem te informe e bem, não entrei por essa via, e sabes que não conheço nenhum funcionário público que tenha entrado por cunha?! Agora em relação ao anonimato deves estar enganado, porque nunca o fiz aqui embora às vezes me tivesse apetecido e não eram assuntos tão sensíveis quanto este. Gosto de troca de ideias, acho piada e até manteria esta troca de galhardetes com um anónimo até certo ponto, mas não faço com uma pessoa que me conhece, a quem eu nunca fiz mal nenhum e me tenta insultar. Ainda agora não percebi a tua intenção, com tantos blogs que andam por aí!E se era um assunto que querias discutir porque não te identificas-te? E porquê que entraste logo com um "tom" ofensivo?
Não vou descer ao teu nível e dizer que não és o exemplar dos contribuintes etc. etc. por mim o assunto acaba e não o faço por ti mas por respeito a alguém que mora contigo e que tenho pena que te tenha permitido chegar tão longe.
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
eu sinceramente acho que foi por falta de pedalada..
Não te censuro por teres apagado o comentário. E até reconheço, com alguma vergonha, que uma conversa destas acaba por me dar gozo, apesar das circunstâncias.
Quanto a não saberes quem eu era naquele comentário, principalmente depois da minha resposta já tenho algumas dúvidas. Se reparares apareceram um monte de informações a que só tu ou um teu familiar directo teriam acesso. Essas informações foram mal usadas e o tom foi o pior.
Não vou comentar mais os assuntos que discutimos - o que acho mais importante nesta altura foi a forma como se acabou a discutir. Não disse nada de ofensivo - podes ir confirmar - do início ao fim. Evidente que emiti uma opinião forte, mas que não visava ninguem em particular, mesmo à luz do teu desabafo que deu origem ao comentário.
Não tenho absolutamente nada contra o funcionário público anónimo que faz o seu trabalho e segue a sua vida. Se está a mais e se isso me custa dinheiro estou naturalmente contra, mas a culpa não é do funcionário em si. Evidente que discuto com quem pense diferente, mas para mim discutir não é um verbo proibido, nem me causa qualquer incomodo, pelo contrário, acho saudável.
Finalmente, o que ficou por dizer:
Eu visito o teu blog desde o início. Como babyblog é um dos melhores, e tu como mãe foste muitas vezes uma inspiração para mim. Acho os teus filhos o máximo, principalmente o mais velho que acabo por conhecer um bocadinho melhor. Mas não tenho que concordar com tudo o que dizes. E às vezes não faz mal nenhum ouvires uma posição contrária à tua. E agora tem paciencia pela vaidade, mas a minha posição não nasce no sofá a ver o telejornal. Eu estudo profundamente muitos dos assuntos que vieram à baila, discuto-os com pessoas que os investigam, e sou inclusive co-autor de textos publicados. Algumas das tuas reacções foram mesmo insultuosas e fruto de total desconhecimento de causa sobre o que eu sabia ou deixava de saber.
Falta ainda falar na tua acusação de eu não ser um contribuinte exemplar. É uma acusação sem fundamento. Estou muito à vontade com esse assunto.
E já agora, a pessoa que mora comigo nunca em momento algum deixou de ser tua amiga.
Ser ou não ser ofensivo eis a questão :
“Só que as formiguinhas menos numerosas, apesar de manterem o seu poleiro (muitas vezes conseguido por cunha (viva a injustiça!)) ficam ofendidas se lhes tiram (não é bem tirar... mas vá) as regalias associadas ao poleiro! E isso é a causa da minha irritação!”
Se não me conhecesses talvez não, porque não fazias a mínima ideia que eu era funcionária pública , logo seria uma daquelas “frases clichés” cheia de estereótipos. Sabendo que eu o era é ofensivo , tão ofensivo como eu dizer que os alunos da tua faculdade são todos uns incompetentes , uns serão outros não certamente mas dizê-lo num espaço teu tem o seu quê de provocatório e até ofensivo.
“Se lhe deixar a si essa tarefa vou continuar a pagar-lhe um sistema de saúde ao qual não tenho acesso.”
Tive o cuidado de nunca referir em todo este tempo o quer que seja em relação à minha profissão, como bem sabes já que acompanhas o blog , nunca sequer tinha dito quer era funcionária pública e tu fizeste-o e além do mais fizeste questão de frizar a que ramo da função pública pertencia , bem sei que existem “n” pessoas mas eu tenho o direito de decidir aquilo que quero que saiba e aquilo que não.
Agora volto a repetir e por muita pena minha que o post não era direccionado para ti , ainda hoje me penitencio por ter feito mau juízo de valor de alguém e isso é claro como água....
“Quanto à produtividade caro anónimo esqueceu-se que também tenho essa formação...”
A tua formação não é a mesma que a minha ! Até ver formação superior parece-me que não tens.
“isso seria simples muito simples e levaria a que pessoas como vossa senhoria ficassem no desemprego,”
Tu não trabalhas nesta área!
“em algumas empresas “sanguessugas” que só sobrevivem através das parcerias que com eles mantêm!”
Eu sei que não tens nenhuma empresa , sei , quer dizer sabia até há uns meses atrás o que fazias e do que sabia essa parte não constava!
“faço a médis que vossa senhoria certamente terá a baixo custo suportada pela empresa”
O mesmo que o ponto anterior , sei perfeitamente que não é paga por nenhuma empresa.
Este são apenas alguns exemplos , para ti o texto seria outro e foi para evitar escrevê-lo que apaguei o comentário. Como te disse soube nessa noite!
Assim como já disse acho que as discussões são de salutar mas não estas que se parte com armas tão desiguais , teria-te ficado muito melhor se tivesses assinado assim ao menos tínhamos os mesmos trunfos. Nas discussões construtivas saímos sempre a ganhar mas essas nem todos as conseguem manter.
Não vou entrar em discussões contigo sobre se sei mais ou menos, eu sei o que sei , nunca me julguei superior a ninguém ao contrário de ti que te julgas detentor de toda a verdade e superior a toda a gente.
Quanto ao resto não vou discutir assuntos privados em público.
Digas o que disseres estiveste mal , muito mal , não o esperava de todo. E é obvio que isso não pode vir de quem goste minimamente de nós, por isso te afastei como suspeito!
Em relação a quem mora contigo não preciso que me esclareças nada , há certos valores , esses que me impediram de algum dia ter algum comentário menos próprios, que coloco acima de quaisquer outros por isso lhe telefonei.
“Só que as formiguinhas menos numerosas, apesar de manterem o seu poleiro (muitas vezes conseguido por cunha (viva a injustiça!)) ficam ofendidas se lhes tiram (não é bem tirar... mas vá) as regalias associadas ao poleiro! E isso é a causa da minha irritação!”
Se não me conhecesses talvez não, porque não fazias a mínima ideia que eu era funcionária pública , logo seria uma daquelas “frases clichés” cheia de estereótipos. Sabendo que eu o era é ofensivo , tão ofensivo como eu dizer que os alunos da tua faculdade são todos uns incompetentes , uns serão outros não certamente mas dizê-lo num espaço teu tem o seu quê de provocatório e até ofensivo.
--De todo! As formiguinhas são um termo teu, como foram os ratinhos e os Robins dos Bosques. E apesar de o teu post vir cifrado (e o mau não), não estou a ver quem não possa ter entendido. Ainda para mais dada a tua esclarecida e articulada audiência. O poleiro foi um termo meu, e a cunha foi um assunto que eu introduzi - desnganam-te se pensas que foram um recado para ti. Curiosamente, eu não esperava que fosses pegar nisso precisamente por conheceres a realidade. Tenho-te como uma pessoa honesta e inteligente. Aliaás, sobre esses dois assuntos em particular (poleiro e cunha) só um tontinho é que não os vê.
Portanto, provocatório até admito, ofensivo não foi de todo!
“Se lhe deixar a si essa tarefa vou continuar a pagar-lhe um sistema de saúde ao qual não tenho acesso.”
Tive o cuidado de nunca referir em todo este tempo o quer que seja em relação à minha profissão, como bem sabes já que acompanhas o blog , nunca sequer tinha dito quer era funcionária pública e tu fizeste-o e além do mais fizeste questão de frizar a que ramo da função pública pertencia , bem sei que existem “n” pessoas mas eu tenho o direito de decidir aquilo que quero que saiba e aquilo que não.
--Aí é que está, eu não me lembro de ter referido nem ao de leve onde é que trabalhas ou deixas de trabalhar. Essa informação acabou por ganhar relevo pelas tuas palavras. Eu estava realmente a defender o meu (e outros milhões) umbigo da forma que sei. às vezes não sou o mais académico dos argumentadores mas isso deve ser porque penso que as pessoas não são de vidrinho.
Agora volto a repetir e por muita pena minha que o post não era direccionado para ti , ainda hoje me penitencio por ter feito mau juízo de valor de alguém e isso é claro como água....
--Eu não digo que fosse. O que digo é que antes de eu escrever o ultimo comentário (o que foi apagado) e o post no meu blog (quase dois dias depois do meu 2º comentário) surgiram informações que eram exclusivamente do teu conhecimento. Surgiram de anónimos videntes, mas surgiram.
“Quanto à produtividade caro anónimo esqueceu-se que também tenho essa formação...”
A tua formação não é a mesma que a minha ! Até ver formação superior parece-me que não tens.
--Tenho muita formação superior. Curiosamente mais que tu até, mas isso é algo que nao te deve ofender. Eu escolhi o meu caminho livremente e ao sabor do meu gosto e entusiasmo, não foi para andar a arremessar diplomas no meio de discussões.
“isso seria simples muito simples e levaria a que pessoas como vossa senhoria ficassem no desemprego,”
Tu não trabalhas nesta área!
--Mas eu trabalho nesta área! Eu sou Consultor de Recursos Humanos há mais de 5 anos. Sou um free-lancer e aceito projectos quando o tempo o permite, mas é algo em que sou pago como profissional. Evidente que um free-lancer não fica no desemprego, fica entre projectos, mas não foi nessa parte da tua frase que eu me foquei. Realmente eu não sabia que nao estavas a falar para mim.
“em algumas empresas “sanguessugas” que só sobrevivem através das parcerias que com eles mantêm!”
Eu sei que não tens nenhuma empresa , sei , quer dizer sabia até há uns meses atrás o que fazias e do que sabia essa parte não constava!
--Mas tenho. E não tenho parcerias. Mas lá está, o mal entendido manteve-se.
“faço a médis que vossa senhoria certamente terá a baixo custo suportada pela empresa”
O mesmo que o ponto anterior , sei perfeitamente que não é paga por nenhuma empresa.
--Mas a verdade é que tem sido paga pela empresa! :) Deixou de ser muito recentemente.
Este são apenas alguns exemplos , para ti o texto seria outro e foi para evitar escrevê-lo que apaguei o comentário. Como te disse soube nessa noite!
--...mas os videntes já sabiam antes. E percebes que os videntes são muito teus amigos.
Assim como já disse acho que as discussões são de salutar mas não estas que se parte com armas tão desiguais , teria-te ficado muito melhor se tivesses assinado assim ao menos tínhamos os mesmos trunfos. Nas discussões construtivas saímos sempre a ganhar mas essas nem todos as conseguem manter.
Não vou entrar em discussões contigo sobre se sei mais ou menos, eu sei o que sei , nunca me julguei superior a ninguém ao contrário de ti que te julgas detentor de toda a verdade e superior a toda a gente.
Quanto ao resto não vou discutir assuntos privados em público.
Digas o que disseres estiveste mal , muito mal , não o esperava de todo. E é obvio que isso não pode vir de quem goste minimamente de nós, por isso te afastei como suspeito!
--Cara Oumun: Suspeito de ter uma opinião diferente? Sou culpado!
E se te deres ao trabalho de ordenar os textos cronologicamente e os leres imparcialmente verás quem usou mais armas a todos os níveis. Mas isto realmente é um assunto morto. No limite, nós já sabiamos o que cada um pensava (tu se calhar até levavas vantagem nesse aspecto porque eu sou mais desbocado neste blog), e isso condicionava certamente a forma como nos vemos. A discussão teria sido mais proveitosa se não tivessem entrado acusações de quem é que sabe disto ou daquilo e quem é que anda enfeitiçado com pozinhos magicos - não havia necessidade mas até percebo o impulso. Podia ter ficado calado a pensar que sei o que sei e paciencia para o resto. Mas eu tenho pouca paciencia para o resto, e muito do que foi dito foi para comentários que não eram teus e aos quais não quis responder directamente, pois isso sim seria o Vietman. Mas atenção, não te responsabilizo pelo que os outros comentam no teu blog. Cada um sabe de si e ofende-se com o que quer.
Em relação a quem mora contigo não preciso que me esclareças nada , há certos valores , esses que me impediram de algum dia ter algum comentário menos próprios, que coloco acima de quaisquer outros por isso lhe telefonei.
--É uma coisa para falarem a dois. A pessoa fez a força que pode para eu não comentar nada. O meu primeiro comentário foi espontâneo. Os outros foram mais pensados e contra a vontade da pessoa. Repararás que ela não apareceu para me defender em momento algum, e até havia espaço para um Professor Doutor anónimo...
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