Frustrações
Sou um profissional liberal, ganho mais do que devia, tenho muito tempo para ler. Perco-me no meio de livros sobre gavidez, crianças, pedagogia, filosofia e ciência política. Revistas à parva pelo meio. Blogs...
Os meus amigos trabalham como gente grande e não os posso incomodar com o meu instável conhecimento. A minha companheira idem.
É frustrante ter tanta coisa para discutir e não ter com quem discutir. É frustrante ter informação que não podemos utilizar. É furstrante formar opiniões e não ter como as pôr à prova.
Se tivesse esse poder obrigava os meus amigos a ler o mesmo que eu. Obrigava-os a ler os mesmos blogs e as mesmas revistas, e obrigava-os a discutir tudo comigo. Depois, leria de bom gosto tudo o que me dessem a ler para discutir mais um bocadinho.
Poucas coisas me dão tanto gozo como discutir ideias e autores. Disputar teorias... traçar argumentos. Faço-o por desporto se for necessário. Discuto um disparate e o seu oposto com igual desafio.
Frustra-me não poder discutir, mas também me frustra discutir contra o vazio. Não gosto de discutir assuntos que estudei com uma opinião sem fundamentos, ou por reflectir. Haja pragmatismo, mas haja curiosidade tambem.
Faço uma pausa e cai-me uma (boa) ideia ao colo. Vou depositar umas horas de bom senso no Banco do Tempo. descrevo o bem com alguma audácia e invoco Descartes deturpado à sétima casa. Aposto que lhe pegam!...
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