Impressões
Passo a tarde com um casal amigo. Orgulhosos progenitores de um puto muito à frente do seu tempo. Tem um aninho e pouco o rapaz. Conheci-o com 9-10 meses e já era um bebé muito divertido e bem disposto. Hoje estava igualmente simpático, mas evidentemente mais crescido, já diz uma palavras, já gatinha e quase anda, já aprendeu uma série de truques novos e nota-se no olhinho que já recebe as coisas de maneira diferente.
É fabuloso assistir à evolução, ainda que de uma forma discreta. Sentir a curiosidade a crescer... a vontade de fazerem mais coisas que comer, dormir e mudar a fralda.
Fico fascinado com o olhar expressivo, inquisitivo... e pergunto-me o que se deve fazer quando nos estão a tentar ler de uma forma tão honesta. Pondero levantar-me e começar a dançar... travo-me. Penso em falar com ele mas temo que ele queira mais que palavras. Procuro encontrar uma expressão que me defina o melhor possível, mas tenho de a traduzir para linguagem de bebé e dou por mim a fazer figura de urso e desinteresso a minha audiência. Cedo se estimula com outra coisa e daqui a 10 minutos logo olhará de novo para o senhor crescido para ver se dali sai alguma coisa interessante.
Invejo o bebé. A aprendizagem na ausência de preconceitos é a mais pura. Penso como poderei ajudar o meu bebé a manter não só essa pureza de espírito e rácio de aprendizagem, como protegê-lo dos perigos da inocência. Cedo desisto... a minha preocupação está toda ela viciada. O bebé continua a brincar e só eu é que estou travado no meu crescimento. Vou antes aprender qualquer coisa com ele.
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