2003-12-12

Menino ou menina?

Acho melhor falar um bocadinho sobre isto antes de saber o que vai ser por uma questão de honestidade intelectual.
Sinceramente é um assunto que não me tem preocupado muito. Tento não pensar nisso. Provavelmente não me é totalmente indiferente, mas aceito que não é uma coisa que se escolha. Não deve haver um sexo preferido, pelo menos no primeiro filho. Todas as teorias que se possam arranjar não passam de disparate. Exemplos para o provar não faltam.
Honestamente, sempre que no passado me imaginei como pai, e queria transportar-me para um acontecimento com um filho, era sempre um rapaz que lá estava. Desculpava-me com os sentimentos mais egoistas: Pois... com um menino eu posso ensinar mais coisas... o desporto, a condução, a coragem, a força, a dor, a piadinha sobre as meninas... enfim... se calhar é geral nos homens, quererem um amigalhaço parecido com eles. Tenho um amigo que vai um bocadinho mais longe e diz que na vida "um Homem só chora quando lhe nasce uma criança e ele finalmente lhe vê um badalo no meio das pernas". O meu amigo é um durão mas derrete-se todo com a sobrinha de 3 anos... Nunca soube lidar com esta minha subtil preferencia, tanto mais que sempre me disseram que tudo o que se ensina a um rapaz serve para uma rapariga. Não concordo totalmente. Igualdade para o que é igual. Mais que isso... logo se vê! Não me parece bem educar uma rapariga e um rapaz indiferenciadamente. O risco de lhe tirar feminilidade existe e é grave. Uma mulher é naturalmente mais sensível - nem me atrevo a pensar que conseguiria lidar com as suas dúvidas, inseguranças ou vaidade natural. Aliás... assusta-me a possibilidade de ter reacções que travem o seu desenvolvimento como mulher.
Felizmente existe a mãe que saberá lindamente o que fazer quando eu estiver sem solução. E imagino que haja uma série de ocasiões em que vou saber exactamente o que dizer e fazer, mas lá chegaremos.
Seja como for não estou à espera de um sexo em prejuízo do outro. Tive a felicidade de conhecer muitas mulheres que são fenomenais... inspiradoras mesmo. Posso sonhar com uma filha assim sem qualquer pudor. Por outro lado conheci homens que eram autenticos trastes... E aplica-se um raciocínio matemático simples - As pessoas nascem, e são em potencial, qualquer coisa entre o pior traste e o mais brilhante dos seres. Não existe um intervalo para homens e outro para mulheres. Queremos disfrutar dos nossos filhos e proporcionar-lhes os meios para que evoluam e encontrem o seu lugar, as suas vocações, as coisas de que gostam e as que não gostam, a possibilidade de conhecerem pessoas parecidas e diferentes, e as sementes do que as tornará pessoas mais ou menos felizes. Ora, eu estou convencido que uma boa parte dessa felicidade se pode ir buscar ao facto de se ter uma série de portas e janelas abertas para o mundo e outras tantas para dentro de nós próprios. O oposto serve melhor o vegetal. Muito disto consegue-se ensinar. Seja a um rapaz, seja a uma rapariga.