2004-09-01

Mimo

O meu filho está agora com um mês e 3 semanas (mais pózinho menos pózinho). Já foi muito mais frágil, já chorou muito mais, já tive muito mais dúvidas sobre a sua robustez e sobre como fazer o meu papel pesando o carinho que tenho de dar com a disciplina que lhe devo dar.
Mesmo assim não passa de um bebé. E os bebés... choram! Choram por quase tudo (e isto não é uma queixa), desde a mais leve comichão à cólica mais apertada, passando pelas fominhas e temperaturas. Também choram por birra, se bem que defenir birra nestas alturas não é um processo linear e sistemático - realmente é fácil distinguir quando lhe dói realmente alguma coisa, de quando está apenas com sono mas não sabe como adormecer sozinho. Ora, por mais banal que isso possa parecer, isso para ele é um problema... que precisa de solução... e ele chora porque é a sua forma de pedir ajuda - até porque já aprendeu que o mais provavel é ganhar um pouco de atenção, e se resulta com tudo o resto, se calhar tambem resulta com isto.
Bom... nós sabemos que se o pegarmos ao colo um bocadinho, ele acaba por adormecer. E além de parecer tremendamente eficaz, tambem sabe tremendamente bem. É uma criatura perfeita que se abraça ao nosso corpo e ali fica descansada a dormir - ainda por cima é nosso filho - há toda uma envolvência que só percebe quem experimenta. Por outro lado, se o habituamos a adormecer ao nosso colo (ou a dormir na nossa cama, ou a dar voltinhas de carro, etc), ele fica sem saber como se deve acalmar sozinho, e se acorda a meio da noite, não saberá consolar-se sem o colo. Isso é um erro dos pais e quase uma crueldade para o bebé que por ignorância (alheia) fica privado da sua independência logo desde cedo.

Parece fácil escolher não?...
Mas não é. Nem vou tentar explicar o que custa vê-lo chorar um bocadinho mais que o costume, ou quando não se tem bem a certeza se existe alguma cólica ou se é birra... nessas alturas até me consigo travar. Não me consigo travar é quando percebo que a vida é fugaz, que na beleza do seu ordenamento natural, não deixa de ser caótica e irracional, e que podemos perder-nos uns dos outros sem aviso. Nessas alturas pego-o ao colo e dou o mimo que no fundo... é ele que me está a dar a mim. Mesmo que me dê um bocadinho de trabalho a corrigir no dia seguinte.
O que não se corrige é a ausência de mimo.