Um bocadinho de Economia

Fala-se num aumento do preço do pão em 20%. Ouvi uma mão cheia de vozes preocupadas na televisão, mas a própria notíca é dada num tom preocupado, com um fantasma de conspiração a pairar por trás - lá estão eles a irem ao bolso do povo, vejam bem senhores, que nós estamos atentos!
Não é drama nenhum.
A explicação é simples.
Os combustíveis e a energia estão mais caros (devido à escassez das reservas fósseis e ao grande aumento na procura por parte de duas economias gigantestas e muito prósperas: India e China). Como os inputs do pão são bens transformados com recurso a combustíveis e energia, como a própria produção e distribuição do pão consomem combustíveis e energia, é natural que o preço do pão suba. Se sobe 20% de uma vez é porque não é actualizado há muito tempo.
O aumento do preço reflecte uma realidade dolorosa e preocupante, mas por outro lado pedagógica e fundamental. A energia produzida com recurso a fontes não renováveis (carvão e petróleo), alem de poluente e pouco eficiente, é tambem escassa e insuficiente face Às necessidades dos nossos dias. Um aumento do preço reflecte essa escassez e eventualmente (e desejavelmente) vai tornar o seu consumo numa opção inviável. Mesmo em Portugal onde muita gente deixa de comprar um livro ou hipoteca a educação dos filhos para poder andar de carro. Porque felizmente o aumento do preço dos combustíveis aperta o cerco tambem pelo pão e pelos outros bens de consumo que no limite chegam sempre à loja de camião.
Já há e continuará a haver uma pressão para se encontrarem alternativas aos combustíveis fosseis, tão bem como uma pressão para os poupar antes que se acabem. Seria bom que essa pressão tocasse mais gente.

Mesmo haverá sempre quem ache que o aumento do pão é uma perigosa manobra capitalista para tornar o mundo ainda mais desigual. Para esses a solução é fácil: se acham que conseguem fazer o pão mais barato e ainda assim fazerem um pequeno lucro, por favor mostrem-nos como! A vossa padaria vai ser um sucesso.