2003-12-15

Ai Portugal, Portugal...

Estou num processo de compra de casa. Apesar de ter um mediador altamente competente, volta e meia tenho de participar com uma assinatura ou um cheque. Hoje tive de fazer um pouco mais que isso - foi necessário ir a um notário reconhecer umas assinaturas.
Encontrei um com optimo aspecto. Pouca gente. Fui atendido num instante. Capricho na assinatura. Empresto o meu BI. Observo o laborioso processo de carimbar e rabiscar os papeis onde assinei. Finalmente cobram-me 11 euro por casa assinatura. Aí está...
Saio do notário com a ligeira impressão de ter sido parte num disparate. Sou nitidamente o mais disparatado... o gajo que paga! Então no meio de mil taxas e burocracias, ainda tenho de pagar para assinar?!Quando ainda por cima aquilo é uma porcaria de um registo provisório (e nada provisório devia custar mais que um euro! Ainda vou escrever um paper teorizando esta lei básica da economia)! Que ridículo! Mais um autêntico assalto... E especulo quantas destas pequenas parvoíces terei eu já pago via mediador e quantas não faltarão pagar.
Dá-me ideia que em Portugal, no início dos tempos se encomendou um estudo de eficiência... e se fez tudo ao contrário. Mas sem ser de uma maneira muito óbvia! Uma espécie de Maxi-min da burocracia. Vamos escolher das piores alternativas, a melhorzinha que aparecer. E assim andamos.
Curiosamente tinham no notário afixada uma simpática propaganda anunciando: "Já viu o que ultimamente fizemos por si?" - louvando meia dúzia de melhorias marginais que implicavam sempre uma qualquer chatice.
Bom... uma bagunça! Perde tempo quem tem de se sujeitar a estas formalidades, perde-se capacidade produtiva por ter aqueles funcionários a fazer "nada", deslocam-se fundos tributados indevidamente para funções redundantes (retirando-os da economia de mercado... que a propósito, funciona!), estraga-se papel, ocupam-se espaços, mobiliário e recursos informáticos. No fim, edividam-se os nossos filhos para pagar este desperdício ano após ano. É criminoso! Pessoas que ainda não nasceram vão pagar por uma série de disparates governativos porque um dia eu precisei de assinar um papel! Que ainda por cima me foi escandalosamente cobrado! Portanto, ineficiências de várias ordens.
E de pensar que se abre uma empresa em Gibraltar no próprio dia por meia dúzia de Euros...