2004-01-09

João Carlos Espada

Tenho passado os últimos dias em laboriosa pesquisa na net sobre este Professor. Profícuo autor de vários livros, brilhante colunista, iluminado pensador da sociedade. Da pesquisa colhi alguns frutos. Existem umas dezenas de sites com referência ao nome, muitos publicam textos seus ou apresentações, outros citam-no para fazerem um ponto, outros ainda citam-no para o criticarem ou para usarem o seu nome como definição de uma determinada ideologia. João Carlos Espada foi meu Professor de Ciência Política. O débito de autores e novas realidades despertou em mim um interesse genuíno sobre um conjunto de matérias que julgava conhecer... mas que não conhecia. Aliás, muito pouca gente conhece! Depois de ler sobre o assunto, e já lá vão alguns livros, torna-se evidente que o esclarecimento colectivo é mesquinho, mesmo nas camadas mais cultas da sociedade. É claro que ninguem pode saber sobre tudo, isso é uma utopia e um disparate, mas toda a gente se permite emitir opiniões sobre política, dogma ou justiça social sem dominar sequer um dos conceitos necessários. Não se trata sequer da legitimidade de ter uma opinião! Quando discutimos política opinamos sobre a forma como se deve viver em sociedade, que tipo de poder o estado deve ter, de que forma se pode impor ordem às pessoas que habitam um país...
Espada é um liberal. Um liberal com simpatia pela esquerda. É um conceito fosco que preciso aprofundar. Não me consigo identificar com qualquer tipo de esquerda e no entanto concordo com tudo o que produziu (e que eu li). É curioso o ódio que se gerou à volta das suas crónicas e opiniões. Um notável estudioso, possuidor de uma inteligência genial e uma cultura superior, torna cada opinião _quase_ evidente. É curioso mas não é inesperado. Espada escreve com confiança, com vaidade, com certeza... esse tipo de escrita ofende o outro lado da barricada - os não liberais... os que nos querem impor o relativismo moral, a força de uma matriz desenhada para servir um propósito absurdo... a igualdade absoluta!
Raios me partam, quem é que acredita nisso? Haverá duas pessoas iguais no mundo? E qual será a probabilidade de encontra-las no mesmo país? Zero. Não existe. Pessoas diferentes têm interesses diferentes, capacidades diferentes, prioridades diferentes. Existe uma lei natural a que todas as pessoas têm de obedecer - a defesa do seu interesse. É uma coisa que não se pode delegar senão na família, e mesmo assim em condições especiais, nomeadamente na incapacidade de o podermos fazer nós próprios.
O que podemos e devemos legar ao estado é o zelo pela nossa segurança, pelo defender da nossa propriedade, pelo cumprimento dos nossos contratos, pelo rigoroso cumprir da lei que ordene as nossas vidas em paz e liberdade. Isto é do interesse de todos. Não podemos ir mais longe.
Depois de ter lido o material solto nas páginas diversas onde Espada aparece escrito, fiz uma assinatura do jornal Expresso on-line. Aí tive acesso às suas 67 crónicas escritas ao longo dos últimos anos. Inspirador é o que vos posso dizer. Fico com pressa de crescer para poder adquirir semelhante esclarecimento e colecção de experiências intelectualmente elevadas. O Homem é um génio!