2004-01-23

Restrição Orçamental

O Nuno dispõe de 18 horas diárias para os seus afazeres. Gasta cerca de 2 em alimentação (proteína e blogs), outras 2 ao telefone com a mãe do seu futuro filho, cerca de mais duas a olhar para o infinto, deixando as restantes 12 para trabalhar, estudar e postar. Num dia normal o Nuno dá 4 lições particulares, o que lhe deixa 8 horas para estudar e postar. Sabendo que o Nuno tem um exame amanhã, quantas horas recomenda que estude e quantas horas recomenda que poste? (Caso esteja a espera dos respectivos custos e função de utilidade... desengane-se! é um exercício de bom senso)
... O Nuno escolhe efectivamente estudar as 8 horas (7:30 depois desta gracinha), não deixando no entanto de importar qualidade blogueira de relevo para entreter o leitor assíduo.
Ora apreciem:

Do MATA-MOUROS:

Horrores do Neo-liberalismo
No Público de hoje sobre a corrupção em Angola:

(...) Já depois de, em 2002, a classificação da Transparency Internacional (organização anti-corrupção) ter colocado Angola entre os cinco países mais corruptos do mundo, em 2003, a Economist Intelligence Unit (EIU) levantou novas suspeições, segundo a HRW, ao publicar informação sobre as fortunas de Angola.
Nessa ocasião, a EIU fez saber que 20 personalidades tinham fortunas avaliadas em cerca de 100 milhões de dólares e outras 39 tinham riquezas no valor de 50 milhões de dólares. Além disso, referia que seis das sete pessoas mais ricas nessa lista estavam há muito tempo no Governo.
No total, a fortuna dessas 59 pessoas era de pelo menos 3,95 mil milhões de dólares. Em contraste, o Produto Interno Bruto (PIB) de Angola com cerca de 12 milhões de habitantes era aproximadamente 10,2 mil milhões de dólares. (...)


Ou seja, em menos de 0,0005% da população está concentrada quase 39% da riqueza produzida pelo País num ano. Não deve haver sítio no mundo em que tantos contribuam tanto para tão poucos...

Culpa do tenebroso sistema neo-liberal, obviamente...

E do maradona:

Explorem-me!

"Para além do Custódio como trinco do Sporting, das coisas mais me afligem é ver pessoas genuinamente boas mais preocupadas com a sua consciência do que com as consequências práticas decorrentes das suas especiais sensibilidades; isto porque, à custa do sono descansado de meia dúzia de bem pensantes e de três ou quatro almas absolvidas, quem se fode são uns bons milhões de indefesos.

A conversa comigo normalmente descamba quando a pessoa que se me opõe fala das fábricas que fogem 'daqui' para 'ali' apenas porque 'ali' os ordenados são mais baixos, causando desemprego 'aqui' e 'mais' miséria 'ali'. Essas pessoas deviam conhecer Chanda, 17:

".... one of hundreds of Cambodians who toil all day, every day, picking through the dump for plastic bags, metal cans and bits of food. The stench clogs the nostrils, and parts of the dump are burning, producing acrid smoke that blinds the eyes."

Que afirma:

"I'd like to work in a factory, but I don't have any ID card, and you need one to show that you're old enough,"

Pois é: há quem prefira que as multinacionais nascidas no leito farto do capitalismo neoliberal selvagem ocidental as explorem animalescamente! Mas deste lado do mundo, há quem não queira que elas sejam exploradas: que continuem a escarafunchar no lixo!"


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Entretanto, hoje há greve da função pública. Não me quero alongar muito sobre o assunto, mas não será altura de as pessoas comecarem a perceber que é incomportável tributar riqueza ao país (e contrair dívida disparatada) para alimentar uma infinidade de serviços que não correspondem às expectativas de ninguem?
Facto: Portugal, oferecendo os mesmos serviços que oferece, mas com níveis de produtividade !medianos! precisaria apenas de 450 000 funcionários públicos (menos 250 000 que actualmente). Concedoque despedir esses funcionários públicos seria foco de grave tensão social, não em greves obviamente, mas em drama familiar e crime. Os erros vêm muito lá de trás... seja como for... não subir os salários é obrigatório!!! Fazia tão bem que as pessoas percebessem as implicações do seu contributo para a sociedade. Pessoas há... que não passam de lastro. E que se vão queixar para a rua de serem lastro mal pago!!! Por favor... um pouco de bom senso!