2004-10-21

Fado

O Superbebé está um estouro! Tenho passado uma parte considerável do dia com ele (a Mãe também, foi esse o plano). Começo portanto a conhece-lo muito melhor. É agora muito mais fácil quebrar um choro, e melhor que isso, quebrar um choro com um sorriso - que é o supremo sucesso (para já).
Mas a parte boa é mesmo quando ele está bem disposto e temos a oportunidade de brincar sem constragimentos - não há sono, não há fome, não há porcaria na fralda. Nessa altura quase tudo vale... ele quer interagir, e já sabe que eu sou o palhacinho... já espera claramente a rambóia quando começo a brincar. Se a brincadeira tarda, franze o sobrolho - " Onde está a punch-line? Quando é que é para eu me rir?" E quando finalmente chega o momento ri sem qualquer travão. Ri e ri, e gargalha, e eu derreto-me. Raios me partam, como é bonito o meu filho a rir. E como é carismática a sua gargalhada... ora clara, ora arrastada, afinada com os olhinhos todos risonhos e a boca aberta expondo aquele vazio de dentinhos. Depois os espamos de braços e de pernas, e a antecipação da próxima gargalhada... às vezes posso repetir a mesma brincadeira quê?... 20 vezes; que ele não se farta... e eu é que não me farto de certeza de o ver rir - não concebo outra realidade.
Com a Mãe tambem se ri bastante, mas agora já nao tenho ciúmes nenhuns.

Isto talvez explique como me tenho sentido bem ultimamente. Apesar de se terem multiplicado as responsabilidades e dividido o tempo disponível. Apesar de reduzir a leitura e surfada bloggeira a quase nada. Apesar de não ter tempo para fazer desporto ou ir ao cinema com a namorada... A vida corre-me particularmente bem. Tudo parece estranhamente mais fácil. Os resultados parecem materializar-se e quando reparo melhor... estive com a cabeça quase exclusivamente noutro sítio, e quando chego ao pé do bebé... tudo o resto se esquece... seja o que for!
É estranho. Não conhecia estas externalidades positivas de ter um filho. Mas agradam-me muito!

Tanta felicidade lembrou-me de repente o fado... de que se queixam aquelas pessoas? que tragédia lhes aconteceu? O que lhes faz tanta falta?
E de repente bateu-me... tambem eu chorava se me faltasse um fragmento da minha vida como a conheço hoje. Nunca antes me tinha assustado particularmente perder uma rotina, uma companhia, um modo de estar. Parecia-me uma lamechisse. Uma rendição.
Nada mais falso...

1 Comments:

At 1:18 da tarde, Blogger Rui said...

os fragmentos da tua vida que te faltam hoje, podem ser minimos com os fragmentos que poderao faltar amanha! ao percorrermos a nossa vida, irao sempre haver esses tais fragmentos que existem e desaparecem. em bebes, na infancia, adolescencia, vida de adulto e na 3a idade.
ha medida que vamos envelhecendo, os fragmentos tornam-se cada vez mais importantes e temos de fazer todos os possiveis e impossiveis para os preservar!

estás na melhor altura da tua vida (penso q posso dizer isso), por isso soh tens de aproveitar o dia-a-dia!

o dia-a-dia passa claro pela foto que tirei ah fralda do miguel no outro dia que estive ai em casa ;)

 

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