Carlos Cruz
Com toda a nova comoção relativa à hipotéctica libertação de Jorge Ritto somos de novo bombardeados com todas as himagens de todos os arguidos do processo Casa Pia. Surge a famosa saída de Carlos Cruz de uma audiência onde tapa a boca e se abanica todo para as camaras. Ocorre-me dizer umas palavras sobre o assunto.
Como prólogo cabe-me esclarecer que sentia uma certa simpatia por CC. Uma vez, quando era muito novinho, numas férias no meio de uma parvónia qualquer em terras portuguesas, o CC despistou o seu carro à minha frente. Ele não era muito famos na altura mas notava-se na sua atitude uma certa panache... um olhar atento e inteligente. Aprecio a inteligência das pessoas - aprende-se sempre qualquer coisa.
Mais tarde acompanhei alguns programas apresentados por CC. É evidente que se tornou muito bom no que fazia - era oportuno, criou um estilo, transpirava carisma. Depois levou a candidatura de Portugal ao Euro até à vitória e tornou-se um herói nacional. Portanto, competente, próspero, casado com uma mulher bonita e vicosa, relativamente discreto... um exemplo!
Entretanto há pouco mais de um ano surgem os rumores... Não teria ligado se ele não tivesse ido a correr explicar-se a todas as televisões. Se não tivesse chorado em directo. Se não tivessem vindo 30 amigos em defesa. O CC é um homem inteligente e sensível à opinião alheia mas falhou redondamente na sua defesa inicial. Teve uma reacção típica de uma pessoa inteligente atrapalhada - "vou usar o meu charme e conversa polida para conquistar opiniões!" E normalmente resulta... com a turba! Ele naquele dia pareceu-me culpado. E tem vindo a parecer cada vez mais com o pico na tal saida particular que tem sido repetida. Agora eu pergunto-me... o que terá passado naquela cabeça para fazer aquele gesto e olhar tão expressivos com milhões de pessoas a ver? Ainda por cima foi treinado! Ele sabia que lá ia ter as camaras, quis aproveitar o tempo de antena, não podia falar e vai de fazer mímica. Várias vezes!
Fiquei desiludido. Consigo perceber que se precipite pelo facto de estar tantas horas preso a pensar a 1000 à hora. A lei das probabilidade promete que se pensem mais disparates quando se pensa muito e não se podem testar os pensamentos com a envolvente. É o efeito de in-breathing. Alem disso, dificilmente aparecem ideias frescas. Cozinha-se cozinha-se sem novos ingredientes. Mais vale estar quieto.
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