2003-12-16

Dor II

A dor ao nosso serviço! Não sei se é comum... eu uso com moderação. Desiludam-se os que estão à espera de um diário sado-masoc. Também não vou falar da dor ao serviço da preguiça: "Estou? Chefe!... Hoje não posso ir trabalhar, doi-me a garganta".
A dor serve para nos distrair e até purificar às vezes.
Ciclicamente todos temos problemas. Para uns parecerá mais frequente que para os outros. Para alguns parecerá que os problemas são a regra. E se calhar até são... para esses não tenho solução.
Eu não gosto muito de me queixar. Tenho os mesmos problemas que o next man, não quero ter mais nem menos. Tudo faz parte.
Quando me incomodam um bocadinho mais por se tornarem em conflitos morais ou porque envolvem outras pessoas e requerem uma solução original, sirvo-me da dor para descer à mente mais simples. Não me chicoteio bem entendido! Vou correr, vou nadar, esmurro um saco... Os primeiros minutos são estéreis em resultados, mas quando o corpo começa a acordar e a mente tem de intervir, sinto que uma consciencia me invade e me obriga a estar mais concentrado no exercício. Forço-me a fazer chegar a dor para me poder abstrair dela. Quando finalmente consigo, os problemas parecem mais fáceis de resolver. O corpo tem uma forma fantástica de se embriagar quimicamente e disso resulta a presença de espírito, o pragmatismo, a descontracção.
Muitas vezes nem há nada para resolver, mas o facto de se ter estado ocupado a vários níveis permite quebrar a onda de remorso ou o encalhar de pensamentos. Resulta muito bem.

PS- Não resulta com o IRS. Já tentei.