2008-05-24

Desculpa Borreguinho...

Hoje foi um dia igual aos outros. A partir de uma certa hora o menino está em casa, e na falta de melhor entretenimento acaba por vir para o meu escritório brincar. Gosta de mexer em tudo (o que não me incomoda) mas tambem gosta de chutar as suas bolas (o que incomoda muito, ou porque estou ao telefone, ou porque estou a escrever um mail importante, ou porque estou a tentar ler um documento).
Eu sei que a brincadeira no escritório é um pedido de companhia e de brincadeira e tento sempre dar-lhe uns minutinhos de tempos a tempos, mas antes das 19 há sempre muito que fazer e nem sempre lhe posso dar toda a atenção que ele precisa.
Quando assim é os chutos nas bolas vão crescendo em frequencia e força, e a bola acaba sempre a bater no computador ou nas papeladas, e hoje... a dado momento explodi. Todos os dias lhe digo que não pode jogar à bola no escritório, que pode ir para o jardim, e todos os dias ele volta a ser criança e joga... Hoje o meu pedido foi demasiado alto e demasiado enfático e ele gelou por um bocadinho. Ficou parado a olhar para mim e demorou seguramente mais de um minuto para me responder (muito raro... ele tem sempre uma resposta na ponta da língua e bate-se sempre muito bem de argumentos ou de distracções).
Quando respondeu foi arrasador: "Papá... não podes falar assim comigo porque eu fico assustado..."
E eu fiquei destruido por dentro. Sem reacção até me conseguir organizar e pedir-lhe desculpa. Fiquei tambem muito orgulhoso que ele se tenha recolhido e me tenha enfrentado daquela forma. Sem chorar. Sem fazer birra. Reflectindo e encarando o que estava a sentir. Uma lição valiosa para mim.