2004-12-27

O Natal é das crianças

É uma evidência. O baixinho ganhou 10 vezes mais prendas que os pais juntos. Chegaram de todo o mundo, de todos os tamanhos e feitios. Triplicou o guarda roupa. Inundou a área de recreio.
Não me queixo. Hoje em dia as minhas melhores prendas sou eu que as compro. O facto de uma criança ter de esperar por uma determinada data para apaziguar a sua ansiedade parece-me pedagogicamente relevante. Até porque ensina alguma temperança e controlo.

As prendas que recebi foram todas muito boas. As pessoas que me conhecem sabem que apostas seguras só com livros e aparelhos com muitos botões. No entanto vim a descobrir prazer em coisas muito diferentes, desde uma bonita peça artística "pai é aquele que ergue em suas mãos o futuro e lhe ofereçe o mundo..." (Cristina Leiria - escultura Visão de Pai - Atlantis), passando por algum vestuário bem bonito, e acabando num belo kit de sobrevivência.

Entretanto, cresco interiormente com a manipulação de um par de bolas chinesas. Não é fácil, mas torna-se viciante.

Lamento profundamente a desgraça que ocorre no Indico. Desenhei um programa de emergência para a família.

2004-12-12

Olha que merda!

Como de costume este fim de semana fomos dar um passeio de família. Escolhemos a Alameda Keil do Amaral no Monsanto (está bem bonita a propósito). Não queriamos mais que relaxar um bocadinho, permitir que o bebé apanhasse um bocadinho de ar e apreciar as vistas e as outras famílias que lá estavam. O passeio durou cerca de 30 minutos. Quando regressámos ao carro chamaram-nos a atenção para o vidro do passageiro partido. Os outros 4 carros tinham sofrido o mesmo tratamento. Não roubaram nada porque não havia nada para roubar. Mas deixaram a maior javardeira dentro de um carro que anda habitualmente limpo por razões óbvias.

Não consigo qualificar o que senti. Não é o prejuízo material (que é practicamente nenhum devido ao seguro), mas a sensação de violação da nossa propriedade pela qual zelamos e pela qual tivemos de abdicar de conforto e lazer. Depois é a impotência de não me poder defender em devido tempo... de me deparar com um facto consumado e de imaginar o larápio em fuga, sem sentir remorso e à procura de novo alvo.
E é melhor ficar por aqui.

2004-12-03

Proezas

Ando a adiar este post há pelo menos duas semanas. Parecia-me precipitado. Infantil. Derrotista e preguiçoso. Mas o tempo passou e o sentimento resiste:

-Olho para este bebé e não sei o que me falta fazer!

E que coisa pequenina deve isto parecer a tanta gente com muito mais filhos, provavelmente já criados, paralelamente com a construção de impressionantes carreiras e o absorver de ampliada cultura. Grandes feitos desportivos, originais produções literárias e científicas, viagens ao fim do mundo e férteis amizades.
Espero fazer mais. Filhos antes de tudo. Depois o resto. Mas a verdade é que já fiz (fizemos) algo que me ultrapassa. E tentar acompanhá-lo é um feito gigante que me assuta mas que seguramente me preenche mais que tudo o resto.

E agora... vou mudar um fraldinha e trocar umas rizadas cumplices com uma proeza que eu cá sei...