2004-09-29

Algo vai mal no reino da Dinamarca...

...dizia Hamlet. Algo vai mal nas terras do tio Sam... digo eu.
Fui ver o Farenheit 9/11...
Como é que um povo tão evoluido - e acredito sinceramente que são o povo mais evoluido - se permite certo tipo disparates políticos e sociais? O filme destila todo o ódio que Michael Moore tem a Bush e consegue com alguma facilidade mostrar como este é um politico fraquinho, uma pessoa simploria (um pacóvio, vamos lá), e um líder mediocre. Kerry será pior e no entanto são os dois candidatos à presidencia americada. Acho um escandalo! O superbebé terá mais capacidade para governar os US of A pela idade dos 20 que estes dois senhores a lamberem a bonita idade dos 60's. E para isso bastará investir numa educação variada e regular, digamos... de linguas, de desporto, de espressão artística e musical, de cidadania básica e de respeito pela natureza e pelo próximo, e ainda de uma constante e apurada busca de conhecimento escrito.
Mesmo assim, o mais natural é que o Superbebénão se sinta preparado, e estes dois labregos aventam disparates (e são eles próprios figuras um bocado disparatadas) como se não houvesse amanhã.
Pronto... vá lá que o Bush é Republicano, logo, um bocadinho mais liberal que o outro. E que muito provevelmente deve ter uma dúzia de consultores mais ou menos esclarecidos... mas não arranjavam um candidato um bocadinho menos parecido com um símio?

Enfim...
Bom, o superbebé ficou com a superavó. Comeu e dormiu lindamente, o que me deixou muito satisfeito. Até muito recentemente sempre consegui ir ao cinema pelo menos uma vez por semana, mas a média é bem superior a isso. Nos ultimos 3 meses acabei por não ir uma única vez. É muita semana...
Faz-me falta o cinema... ajuda-me a descansar, e uso repetidamentea habilidade de ver fimles no meu dia a dia.Sim, porque ver um filme não é sentar o rabinho e ficar a ler palavrinhas. O olho atento procura os fins possíveis, goza as pequenas nuances que nos dão a conhecer, relembra aquela pequena imagem do início que parecia fora de contexto... Dá um jeitão ganhar uma certa pratica.
Porque a vida é um filme!

2004-09-19

Superbebé!

Nasceu um novo espaço de absoluta pertinência. O Superbebé é o meu filho quando está debruçado sobre o meu braço e voa pela casa perguntando à mãe o que é o jantar, como se descasca uma cebola, como se passa a ferro, porque faz tanto calor...
Agora terá mais uma janela para o seu dia a dia.
Vou ser um espectador atento...

Maldades

Ser bebé não pode ser fácil. A dependência... mesmo que natural, tem de ser desgastante, às vezes até deve ser desesperante.
Mas não é sobre isso que quero falar. Esta semana ocorreu-me que o natural desenrolar da paternidade (e da maternidade) implica obrigatoriamente algum trauma na interacção com os filhos. Algum desse trauma será fruto da ingorancia. Outro será por negligência ou incapacidade de fazer melhor, e outro ainda vem do regular fluxo do que se espera dos pais... Lavar, vestir, alimentar, transportar, adormecer, acalmar, vacinar.
A minha deficiente sensibilidade para dar conta do que um bebé sente chage no entanto para perceber que todas estas actividades, por mais agradáveis que se venham a tornar, são geradoras de ansiedade, de susto, de violentação do normal decorrer de um qualquer minuto. E por isso digo... Farto-me de fazer maldades ao meu filho... e isso preocupa-me.
Não me preocupa ao ponto de me congelar. É claro que as coisas têm de ser feitas. E é claro que por mais traumáticas que sejam serão esquecidas nos segundos seguintes, mas isso não me descansa. Não o poderei compensar de nenhuma forma? Haverá uma maneira de o fazer confiar em mim de forma a evitar essas ansiedades e sustos?

É que nesta vacinação dos 2 meses espetaram-lhe duas valentes facadas nas perninhas e era eu que o estava a segurar. Foi um choro dilacerante. Desesperado. De profunda dor e desilusão. Tocou-me fundo...
O choro não durou mais que 30 segundos. Rapidamente se acalmou e inclusive voltou a dormir bem rápido.
Passados 4 dias ainda se sente muito bem o hematoma de uma das pernas. E sei que ainda lhe doi quando se toca. Faz uma expressão admirada mas valente. Fica à espera de saber se o vou magoar outra vez ou se só lhe vou consolar a ferida.
Sonto que ainda é bastante frágil a confiança dele em nós (pais). Se tem fome ainda chora, mesmo que o consolemos. Se tem sono ainda faz birra... continuamos a ser os culpados de tudo o que o incomoda. Sei que isso está relacionado com as maldades, mas tambem com a sua imaturidade e instintos primários de sobrevivência... Não deixa de me preocupar.

2004-09-13

Muito se ri este puto!

Têm sido uns dias diferentes. Tornou-se muito fácil fazê-lo rir. E nem sequer é aquele riso casual que tanto dá acordado como a dormir... é um riso genuíno, e muitas vezes com gargalhada e um tímido desviar de olhos!
Não tem preço...
Costumo fazer duas sessões de ginastica diárias com ele: Pernas e braços, acima, abaixo, encolhe, estica, abre, fecha, relaxa... Adora! É a maneira mais fácil de o fazer rir, e tenho de confessar . acho que estou a ficar obsessivo com aquelas gargalhadas. Fico sempre congelado! Como é que ele aprendeu a rir assim? De onde vem a timidez? Porque olha para os meus olhos? Saberá a prenda que me está a dar?

As férias começam a acabar, e mesmo tendo decidido que este primeiro ano vai ser prioritáriamente dele, sei que não vai dar para manter esta presença constante dos dois pais de volta dele. Tem-me deprimido um bocadinho essa evidência... E tenho medo que se torne muito evidente para ele que as coisas vão mudar. Quero que ele se sinta a nossa prioridade.
Vai daí que tenho de enriquecer mais depressa para poder gozar o meu tempo de uma forma mais produtiva familiarmente. É esse o caminho.

2004-09-06

5 kilos

Está um belo pedaço de homem este rapaz. E já começa a pesar... caramba, se começa!
E como é um puto muito espevitado e gosta de colo, sinto um ligeiro desconforto nas costas e nos braços. Custa mas é recompensador. Mesmo que esteja a fazer birra. Consigo sempre imagina-lo com a 20 anos muito independente, com vergonha de me dar um beijo e quero aproveitar agora que não pode/quer fugir. Mesmo com 60 kilos ia querer carrega-lo.
Há qualquer coisa de muito carismático num filho. Não interessa o tamanho, será sempre o nosso centro das atenções... merece reflexão!

Comentários

O Alma de Pai aderiu à moda dos comentários. Inicialmente o blogger não oferecia a possibilidade de introduzir comentários atravez do seu robot e nunca estive para procurar um serviço alternativo.
Agora que oferece não vejo razão para não deixar este espaço mais aberto.
Sintam-se livres para deixar uma notinha.

2004-09-01

O barco do aborto

Vou ser muito breve - já está quase tudo dito aqui. Mas gostava que uma boa porção de portugueses tivesse visto o documentário das 2 das manha da sic noticias de ontem. Um documentário sobre bebés com nascimentos complicados e que acabaram por morrer. O desespero daqueles pais que tentaram de tudo para que os seus filhos pudessem viver contrasta com o desligamento selvagem que uma "mãe" consegue ao querer abortar. Mas quase tão mau como tomar consciencia do acto em si, enjoa-me a manada furiosa que quer à força facilitar às mulheres o acesso ao aborto. São pessoas que aparecem na televisão escandalizadas porque o governo não quiz dar acesso ao barco nas àguas portuguesas. Só isso! É que eu por mim afundava o barco sem grandes remorsos - podia sempre dizer que não tinha sido por mal, apenas me era inconveniente. São argumentos que tocam os defensores da despenalização.
Mas essas pessoas não viram o documentário - não percebem que se deve lutar pela vida e não o contrário.
É que ninguem obriga ninguem a ter filhos! Existe uma relação lógica muito simples a aprender: pinocar sem um contraceptivo -> potencial fecundação -> gravidez ->vida!
Querem pinocar despreocupadamente? Resolvem a potencial fecundação com um assassinato? São criminosas e devem ser presas!

Mimo

O meu filho está agora com um mês e 3 semanas (mais pózinho menos pózinho). Já foi muito mais frágil, já chorou muito mais, já tive muito mais dúvidas sobre a sua robustez e sobre como fazer o meu papel pesando o carinho que tenho de dar com a disciplina que lhe devo dar.
Mesmo assim não passa de um bebé. E os bebés... choram! Choram por quase tudo (e isto não é uma queixa), desde a mais leve comichão à cólica mais apertada, passando pelas fominhas e temperaturas. Também choram por birra, se bem que defenir birra nestas alturas não é um processo linear e sistemático - realmente é fácil distinguir quando lhe dói realmente alguma coisa, de quando está apenas com sono mas não sabe como adormecer sozinho. Ora, por mais banal que isso possa parecer, isso para ele é um problema... que precisa de solução... e ele chora porque é a sua forma de pedir ajuda - até porque já aprendeu que o mais provavel é ganhar um pouco de atenção, e se resulta com tudo o resto, se calhar tambem resulta com isto.
Bom... nós sabemos que se o pegarmos ao colo um bocadinho, ele acaba por adormecer. E além de parecer tremendamente eficaz, tambem sabe tremendamente bem. É uma criatura perfeita que se abraça ao nosso corpo e ali fica descansada a dormir - ainda por cima é nosso filho - há toda uma envolvência que só percebe quem experimenta. Por outro lado, se o habituamos a adormecer ao nosso colo (ou a dormir na nossa cama, ou a dar voltinhas de carro, etc), ele fica sem saber como se deve acalmar sozinho, e se acorda a meio da noite, não saberá consolar-se sem o colo. Isso é um erro dos pais e quase uma crueldade para o bebé que por ignorância (alheia) fica privado da sua independência logo desde cedo.

Parece fácil escolher não?...
Mas não é. Nem vou tentar explicar o que custa vê-lo chorar um bocadinho mais que o costume, ou quando não se tem bem a certeza se existe alguma cólica ou se é birra... nessas alturas até me consigo travar. Não me consigo travar é quando percebo que a vida é fugaz, que na beleza do seu ordenamento natural, não deixa de ser caótica e irracional, e que podemos perder-nos uns dos outros sem aviso. Nessas alturas pego-o ao colo e dou o mimo que no fundo... é ele que me está a dar a mim. Mesmo que me dê um bocadinho de trabalho a corrigir no dia seguinte.
O que não se corrige é a ausência de mimo.