2005-11-18

A greve

Como sabem, em caso de greve, o empregador não pode substituir o empregado ausente. Não lhe paga o dia, mas não pode manter o regular funcionamento da sua organização. Por isso, quando alguns professores fazem greve, muitos alunos ficam sem aulas. Não se pode fazer nada em relação a isso - ou bem que fazemos a vontade aos senhores professores, ou bem que sofremos as consequencias.
Convem que se saiba que o estado gasta sensivelmente 90 contos por mes, por aluno com o seu sistema de ensino - um valor 30% acima da média do mercado (definindo o mercado pela livre interacção de privados para privados). É verdade! Um colégio cobra em média 70 contos por aluno por mês (menos se estiverem irmãos no colégio) para oferecer um serviço de educação. Só que consegue faze-lo melhor. E é assim por várias razões, mas as mais importantes são o facto de os professores passarem mais horas no colégio (assim como os alunos), existirem horas de estudo, actividades extra-curriculares e preocupação com os resultados. O colégio vive da sua reputação: se não cumpre um elevado padrão de qualidade perde clientes, se perde clientes não há dinheiro, sem dinheiro não há empregos nem lucro. Não me lembro de ter ouvido falar de greves de professores do ensino particular. Professores que trabalham mais, durante mais anos, com menos segurança e regalias.
Mas será isto um paradoxo?
De todo! Os professores do publico (alguns, bem entendido), têm todo o incentivo para este tipo de pressões. Não têm practicamente nada a perder. Pelo menos acreditam nisso...
Um estado competente, que calculasse devidamente os custos de oportunidade da nossa legislação, pensaria: Bom... já que estou a levar com as greves, mais vale fazer o trabalho todo e redimensionar a prestação do serviço, introduzir um sistema de avaliação de professores eficaz, impôr horários de mercado e pagar salários de mercado, abolir a ADSE e regular o ensino por standards. Se determinada escola não cumpre determinados mínimos areja-se o quadro de professores - afinal, existem milhares à espera de uma oportunidade. Que sentido faz segurar o emprego a uns e o desemprego aos outros? A antiguidade?
Não se pode brincar com a educação de um país. É por isso que estamos assim...

Economics 101

Uma vez uma economista explicou-me que haviam 3 tendências económicas - a clássica (ou neo-clássica, ou liberal), a keynesiana e o socialismo (ou marxismo, ou comunismo).
Eu por princípio não aceito que uma ciência se reja por tendências. Mesmo uma ciência para-social como a economia pretende ser - a ciência da escolha...da gestão da escassez...da conjugação das preferências...dos comportamentos agregados.
Existem com certeza diferentes dogmas que tentam usar a economia para se sustentarem, mas perdoem-me a simplicidade - as coisas são como são.
Foi isso mesmo que pude confirmar ontem à noite no "Noites à Direita", que contou com as excelsas presenças dos Professores António Borges e Daniel Bessa.
Só aparentemente se pode falar de esquerda e direita quando dois economistas de diferentes sensibilidade se propõem falar honestamente dos problemas da nossa economia. Naturalmente que convergiram. Sem pudores.
Os oradores fizeram uma revisão de um curriculo de economia elementar.
Nada de novo portanto. Mas é um privilegio poder ouvir pessoas tão esclarecidas a tocar o meu tambor. Digo isto com toda a humildade... assim pudesse eu tocar...